Daniel,eternamente,Daniel (Imortalidade é dádiva dos bons) (Fabião)

Daniel,eternamente,Daniel  (Imortalidade é dádiva dos bons) (Fabião)
Daniel, eternamente, Daniel!! Amor sincero é imortal, doação é imortal, coração...é imortal! Seu dom é imortal, perseverança é imortal, compaixão é imortal, bondade é imortal, meu amigo Daniel... é transcendental! Astronauta da arte! Poeta dos astros! Andarilho das estrelas... estrela do teatro! Ser cósmico da arte... Artista do cosmo! Que agora faz a mais bela das viagens, aquela que é a mais mágica de todas e quando chegar a minha hora ele me mostrará todas as maravilhas... por que acima de tudo ele é: AMIGO!!! (Fabião)

Tradutor

FETEG – Urgente – Necessário

 


Amigos, seguidores, leitores, simpatizantes. Respeitável público...

Peço licença para distribuir, na escrita que segue, impressões sobre o FETEG 7º Ato – Festival de Teatro de Guaranésia 2024. Em quase três décadas dedicando minha vida ao teatro, muito em especial ao teatro popular, fonte de minha existência, tomei a ríspida decisão de não participar de mostras competitivas. Fui me abstendo, calçado por uma aura ranzinza, questionadora do sentido da competição para o expurgo meramente egocêntrico. Participei de muitos festivais de teatro nessa vida. Vi elencos inteiros se desfazendo em detrimento das mesmas premiações de sempre. Melhor ator, melhor atriz, melhor isso, melhor aquilo... Desculpem essa abertura (coisa de cinquentão chato). Mas, fui convencido pelo elenco do nosso grupo a participar do FETEG 7º ato. Devo registrar que a pouco tempo eu ministrava oficinas para eles, sim, fui professor do elenco. Eles cresceram, hoje em dia, me fizeram aluno. Chegamos em Guaranésia e fomos abordados por transeuntes perguntando se estávamos participando do festival de teatro. A pergunta foi recorrente, desde o garçom do restaurante, até a recepcionista do hotel em que fiquei hospedado. A comunidade se envolve com a proposta do festival. Nossa primeira ação foi assistir a um espetáculo de palhaços da Cia Tramp de Jundiaí, no meio da praça. No dia seguinte fui participar da roda de conversa e ver a ponderação dos “jurados”. Ali, no inicio das falas me armei para um debate enfadonho e cansativo. De um lado os jurados e suas críticas e do outro o artista defendendo sua obra. Pois bem. Fui desarmado. Nocauteado pela técnica posta nos comentários me entreguei ao afeto íntegro e verdadeiro. Vi e vivi as colocações de cada um daquele coletivo que se intitula Comissão Crítica Estética Pedagógica. Eles não gostam de serem chamados jurados e repudiam a competição. Dali as obras e suas temáticas eram incitadas às urgências discursivas dos trabalhos apresentados. O respeito veio como valor inegociável. Puxa vida! As abordagens foram estruturadas pelo afeto cuidadoso, sem ruído, direto e preciso. De alma aberta me vi reflexivo e atento demais. Vivemos, a partir daí, cada segundo, ansiosos para o dia seguinte, na expectativa de ouvir a CCEP. Sempre prontos com nosso olhar e desarmados pela surpresa provocativa da comissão. Dessa forma, passamos, aprendemos, divagamos nossas cenas em percepções ampliadas através de trocas. Vimos juntos o quanto a sociedade precisa da gente (nós artistas) para sair da “Quinta geração de medicamentos psiquiátricos”, que impõe uma “Camisa de força química”. E quem sabe viver a plenitude existencial escorada numa “Egrégora de palhaços”.

Arrebatados pelo sonho, vivido ali, fomos chamados a colocarmos os pés firmes no chão e refletir sobre a realidade do “Sangue menstrual enquanto fator social de convivência” interpelados pela seguinte questão: “E se fosse uma mulher propondo a dramaturgia de “Medeia”? Colocando a arte como “Rompimentos de modelos estruturantes” vibramos com o “Corpo como subterfúgio da poesia” através da afirmativa de que “Ter uma mulher bailante no meio da praça é deslumbrante” contrapondo o “Selo de prazo de validade” imposto pelo patriarcado. “Mulheres maduras em cena” é um ato de resistência. Apesar do “Momento duro e difícil. Politicamente danoso para nossa saúde mental”. Como se o futuro repetisse o passado ficamos horrorizados ao perceber que ainda existe, de forma subtendida, disfarçada, a condição do “Cérebro ser avaliado pelo fato de ser de um homem negro” e que a nossa arte tem condições de escancarar e fazer pensar sobre o racismo estrutural.

O peso da responsabilidade cênica no exercício da atuação foi amparado, aliviado, pela força coletiva na produção cultural. O alívio da máxima “Nós podemos tudo! Nós podemos mais e“ Tudo que nois tem é nois” repetido exaustivamente como grito/manifesto do produtor Maurinho Máscaras se fez valer em cada ação complementada ali, na roda de conversa da CCEP. Como se fosse um presente da presença desmantelando o cinza obscuro e depressivo onde “A vida na tristeza não tem cor” apontando o caminho do que nos é desafiador enquanto artistas tentando ser originais na concepção. “O original é o que estamos fazendo aqui e agora”. O sim, vamos aprender juntos, nos mostrou o caminho da “A oposição como pressuposto da dialética cênica” para uma “Vocorporiedade – voz e corpo acontecendo em cena” na “Geração de intimidade e cumplicidade com o público” o “Movimento de voz durante o espetáculo: Da plateia para o artista e não do artista para a plateia”. A dispersão de várias linguagens teatrais em um só lugar, numa roda de conversa, desafiando “O limite entre as linguagens e fazendo perder o sentido limitador”. Contemporâneo latente no resgate da “Ludicidade característica inerente ao humano”. “O teatro envelhece e carece de uma dramaturgia atualizada” para um “Eixo de trabalho em favor da cosmovisão do espetáculo” que faz aumentar e valer a “Relação cênica nos espaços a que se propõe” e o acontecimento (teatro de rua por exemplo)”. Ver, perceber e atuar como se “A plateia fosse agente ativo do espetáculo em um jogo de pergunta e respostas em que a pergunta fica no ar para a plateia pensar e responder” “As vezes um texto inteiro pode ser construído sem uma palavra e o Silêncio fala também”.

Na minha inquietude frenética do fazer cultural me aquieto por aqui, rompendo minha rispidez prática, me deixando levar pelo abraço fraterno e receptivo de Maurinho Máscaras e de cada um que fez e faz parte da equipe do FETEG 7º Ato, em especial a CCEP. Obrigado pelo aprendizado.

Paulinho do boi - Carroça Teatral – Sete Lagoas, MG

Quintal Boi da Manta, maio de 2024

3 comentários:

Márcio Sabones disse...

Lindeza de texto e reflexão Paulinho. E que venham muitos e muitos momentos maravilhosos como estes.

Anônimo disse...

Perfeita interpretação... PARABENS vcs merecem...o FETEG merece, o Maurinho merece, GUARANESIA merece!!!

Claudio de Albuquerque disse...

Essêncial, real, verdadeira, única e uma digna Carta de Amor das mais belas e sinceras! Parabéns Paulinho e aqueles que lhes trouxeram a ti essa inspiração! O FESTEG merece vida longa e rica de troca por muitas e muitas décadas...