Boi – esperança
Boi – povo sofrido
Boi – fé e crença
Boi – desigualdade
Boi – indiferença
Boi – preconceito
Boi – crucificado pela miséria
Boi – pregado na cruz da desesperança
Boi – ressuscitado pelo povo que renasce a cada dia, graças ao suor de seu trabalho honesto...
Foram todos estes “bois” que encontrei, assistindo à peça: “O auto do Boi Encantado”.
Como não se encantar com o texto feito em verso e prosa, com palavras e trocadilhos que nos fazem viver a dor do Mateu: representando ali, o povo discriminado, sofrido, deixado de lado...?
Um texto adulto, repleto de metáforas e ideais implícitas, mas que ao mesmo tempo, encanta os olhos e ouvidos de nossas crianças, que em sua ingenuidade, se alegram com as músicas bem cantadas, com as roupas coloridas, com a movimentação dos atores e com o gran finale, onde o boi, finalmente, volta à vida.
São obras como estas que colaboram para retirar as pessoas de suas “cavernas”, em uma sociedade ensimesmada, onde cada um vive em sua própria escuridão... Olhar o mundo com os olhos de lince, que enxerga as entrelinhas da história e suas peculiaridades...
Encontrei nesta belíssima peça, a doçura da brincadeira de roda, a lindeza da canção de Chico, de 1966: “Funeral de um lavrador”, onde se realiza uma análise crítica da má distribuição de terras e riquezas em uma sociedade marcada pela desigualdade.
Permeando todas as falas, ainda encontramos uma leitura da religiosidade do povo brasileiro que, em muitos momentos de suas vidas, encontram na fé, a “solução ingênua” de seus problemas. Viva!!!! O boi ressuscitou!!!!
Mas com ele, ressuscita a vida em fúria, a esperança muitas vezes dilacerada pelas penúrias da vida, mas que sempre vence!
Sigamos mais esperançosos após assistir este espetáculo muito bem interpretado por um grupo de atores que nos levaram ao belo mundo de um simples boi encantado, que nos encantou a todos. Sigamos mais esperançosos!!
VALÉRIA FRANCHI ÁSCOLI - PEDAGOGA E NEUROPSICOPEDAGOGA
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